Produção de alumínio primário deve aumentar em 2016

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111331Fonte: JCNET

A produção de alumínio primário brasileira só deve crescer a partir de 2016, como reflexo de uma expansão da demanda doméstica neste e no próximo ano. Por enquanto, a palavra de ordem é a manutenção do nível de capacidade, que sofreu redução de cerca de 9% em 2013, fruto de ajustes na Alcoa.

Porém, para voltar a investir, os produtores têm de enfrentar um cenário em que não há previsão para redução de custos com energia elétrica e um setor com ressaca do boom de investimentos em metais no final da década passada.

Na visão de analistas e indústrias, a demanda por produtos derivados de alumínio continuará em tendência de alta nos próximos anos – impulsionada pelo setor de embalagens e transportes. Em 2014, a estimativa da Associação Brasileira do Alumínio (Abal) é de que o setor cresça 6%, puxado pelo consumo de bebidas durante a Copa do Mundo, a expectativa de renovação de frota de veículos e término de obras de construção civil.

Para o coordenador da Comissão de Economia e Estatística da entidade, Luís Carlos Loureiro Filho, a atual capacidade da indústria consegue atender a demanda doméstica por alumínio primário no País em 2014.

Em 2013, segundo previsão da Abal, a produção de alumínio primário apresentou recuo de 8,8%, afetado, em grande medida, pelo anúncio de redução na produção de 124 mil toneladas pela Alcoa, que ainda irá afetar o ano de 2014. A Tendências calcula que uma redução de 7% na produção doméstica. Em 2015, os números começam a apresentar estabilidade em novos patamares, com previsão de recuo de 1% ante a 2014.

Recuperação

Mas é justamente o contraponto de demanda aquecida e produção estacionada que pode ajudar na recuperação da indústria no médio prazo. “O recente ajuste da indústria, a alta do dólar e o aumento do consumo devem auxiliar a produção nacional a partir de 2016, quando a indústria deve começar a apresentar números positivos”, afirma o economista Bruno Rezende, da Tendências Consultoria Integrada.

Ele defende que é muito difícil que este possível gargalo daqui a dois anos seja preenchido pelo alumínio chinês, porque a moeda americana deve ficar mais cara e o governo federal pode barrar uma invasão do produto importado. Este provável aumento na produção daqui a dois anos, contudo, ainda não aparece no radar das indústrias. “Investir na ampliação da capacidade está cada vez mais difícil”, diz Loureiro. Para ele, o governo não sinaliza com desonerações para os setores produtivos em 2014.

Em linha com o mercado, a opção pela manutenção dos atuais níveis de produção ocorre na Novelis. “Não temos a perspectiva de investimentos no curto prazo na ampliação da produção de alumínio primário”, diz a diretora de Estratégia e Desenvolvimento de Negócios da Novelis América do Sul, Roberta Soares. Ela afirma que o foco da empresa no curto prazo é nos segmentos de laminação e reciclagem, nos quais a siderúrgica conclui no segundo trimestre deste ano um ciclo de investimentos iniciado em 2010.

Ajuda da Copa

A realização do mundial de futebol no Brasil deve ajudar no aumento de vendas da indústria do alumínio. Isso porque a Copa será realizada em período do ano em que, tradicionalmente, há queda na venda de alumínio para embalagens de bebidas.

Com um “segundo verão” entre junho e julho, a expectativa é de aceleração nas vendas de chapas para latinhas. “Estamos prevendo um crescimento de 11% no volume de venda de alumínio para bebidas em 2014, sendo que 4 pontos porcentuais desse total se devem ao mundial de futebol”, afirma Roberta Soares, da Novelis

Latinhas

Mas não são apenas as latinhas de bebida que devem impulsionar as vendas de alumínio este ano. Para a Abal, os segmentos que atendem construção civil e transportes devem apresentar um bom desempenho neste ano. Juntos, os três respondem por cerca de 70% do destino do alumínio no País.

Para o segmento de construção civil, a expectativa é da fase de acabamento de imóveis do programa do governo federal “Minha Casa, Minha Vida” – momento das obras em que há maior uso de derivados de alumínio.

Por outro lado, destaca Loureiro, devido ao atraso no cronograma de obras de hidrelétricas, o segmento de linhas de transmissão deve apresentar queda nas vendas no mesmo patamar de 2013, ano em que apresentou recuo de 8,6%. A expectativa da entidade é uma recuperação no médio prazo.