Montadoras normalizam ritmo de produção

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Em meio à continuidade da escassez de semicondutores, que atinge diferentes setores industriais em todo o mundo, e provocou a maior crise de oferta no setor automotivo brasileiro, montadoras e empresas do setor já se articulam para diminuir a dependência do mercado internacional. Enquanto isso, a produção de veículos alcançou, em janeiro, o patamar mais baixo para o mês, em 19 anos, e indica que os desafios permanecerão ao longo de 2022.

Ao todo foram 145,4 mil unidades entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus no último mês, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O número é 27,4% menor que o apurado no mesmo mês do ano passado e 31,1% abaixo do realizado em dezembro de 2021.

Apesar do cenário, a maioria das montadoras com operações em Minas Gerais garante que o ritmo de produção está normal. E que, neste momento, não existem funcionários com contratos de trabalho suspensos ou turnos de fabricação parados no Estado. O grupo Stellantis (Fiat), com planta industrial em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), por exemplo, informou que todos os 1,8 mil trabalhadores que haviam sido colocados em lay-off em outubro do ano passado já retornaram às atividades. E que a fábrica está operando com previsibilidade, em ritmo normal, com pequenas ocorrências de atraso de entrega de componentes eletrônicos.

A Mercedes-Benz, com fábrica em Juiz de Fora, na Zona da Mata, disse, por meio de nota, que o fornecimento de matérias-primas segue sendo um grande desafio para todas as fabricantes de veículos, desde 2020. E que os maiores problemas dizem respeito à entrega de componentes eletrônicos, como semicondutores e chips, e também de alguns produtos de origem química, metálica e polimérica.

Mas a empresa colocará 600 trabalhadores da fábrica de São Bernardo do Campo (SP) em férias coletivas, justamente devido à falta de componentes eletrônicos, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Conforme o comunicado, os funcionários da montadora ficarão fora da fábrica entre 14 e 25 de março. Há possibilidade de outro grupo entrar em coletivas no final do mês.

Já a Iveco, com planta em Sete Lagoas, na região Central de Minas, informou que não está tendo problemas com componentes.

Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Autopeças de Minas Gerais (Sindipeças-MG), Fabio Alexandre Sacioto, apesar do fraco desempenho de janeiro, do fim de 2021 para cá, o fornecimento de insumos está estável. Não há perspectiva de aumento nos níveis até junho, mas também não deve haver paradas e o setor está conseguindo se planejar.

“Pelo menos está havendo uma constância no abastecimento. Mas, de fato, a falta de semicondutores limita a capacidade produtiva, e algumas montadoras e empresas do setor já estão pleiteando e trabalhando em nacionalizações. No ano passado, o Brasil apurou recorde deficitário na balança de autopeças, foram quase US$ 10 bilhões.  E com toda questão de logística, fretes aéreos, contêineres em falta e oferta limitada, a tendência é que o setor busque essa menor dependência do mercado internacional. Não devemos ter nada concretizado neste ano, mas para os próximos já será possível”, avalia.

Autopeças aumentam o ritmo

Sobre o ritmo de produção das autopeças mineiras, Sacioto afirma que o setor está operando com cerca de 60% da capacidade. O parque chegou a usar 90%, em tempos de elevada demanda e no pior momento desabastecimento chegou a ter uma média de 40% de utilização das fábricas.

“No ano passado a produção ficou praticamente estável em relação a 2020 e neste ano a previsão é de alta de 5%, acompanhando o ritmo de crescimento da indústria automotiva”, conclui.

Fonte: Aço Brasil