Expansão do PIB em 2013 vai depender da indústria

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PIBFonte: Aço Brasil

Diante de um cenário de inflação em alta e de maior endividamento da população de baixa renda, o crescimento de aproximadamente 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país vai depender mais fortemente do setor industrial neste ano, ao contrário do que ocorreu em 2012, quando a expansão foi impulsionada pelo consumo interno. Para especialistas, o Brasil entra agora em um período de crescimento mais sustentável, com maiores investimentos por parte da indústria. Caso essa previsão se concretize, os próximos anos serão marcados pelo aumento da capacidade produtiva e do nível de emprego, com ganhos reais para a economia.

“Apesar de a alta de 3% esperada para este ano não ser excelente, ela é boa perto do que aconteceu no ano passado, e significa um início de recuperação da economia. O mais importante não é o número em si, mas a qualidade do crescimento, que está associada aos setores que melhor reagem”, afirma o coordenador da pesquisa do PIB trimestral da Fundação João Pinheiro (FJP), Raimundo de Sousa Leal. A boa notícia, segundo ele, é que neste ano o destaque deve ser a indústria, principalmente a de bens de capital, que vem aumentando a produção desde dezembro.

O especialista explica que o resultado é significativo porque indica maior aporte por parte da indústria, que está comprando máquinas e equipamentos. Na prática, o resultado seria uma ampliação da capacidade produtiva, com futuro aumento do emprego e elevação da renda. “E o resultado futuro é um consumo mais qualificado e talvez menos dependente de crédito, como hoje. Ou seja: teremos um crescimento mais sustentável”.

Segundo o professor de economia PUC Minas, Pedro Paulo Pettersen, o modelo econômico pautado na elevação do consumo das famílias já está esgotado. Ele gerou bons resultados na crise de 2008, quando estímulos governamentais levaram a nova classe média às compras e o país a uma recuperação entre o fim de 2009 e começo de 2010.

Porém, o consumo baseado no crédito gerou aumento da inadimplência e uma pressão inflacionária no país. Por essa razão, os brasileiros estão consumindo menos.  o que comprova a pesquisa da Kantar Worldpanel, consultoria internacional especializada em pesquisas de mercado. O levantamento mostra que o consumo total no país caiu cerca de 5% no primeiro bimestre deste ano frente ao mesmo período de 2012. Quando se separa em níveis sociais, as classes A e B mantiveram as compras de forma estável, a C consumiu 3% menos e as D e E reduziram em 11% as compras.

O professor de economia do Ibmec Felipe Leroy acredita que a melhor forma de se conseguir crescer é eliminando o descompasso histórico entre oferta e demanda. Porém, ele lembra que a aquisição inicial de máquinas e equipamentos pela indústria poderá gerar desequilíbrio na balança comercial do país, porque grande parte das peças são importadas. “Acho que a indústria é sim o caminho para o crescimento do país. Inclusive, penso que o governo não deverá motivar o consumo na mesma proporção que antes, até para evitar uma pressão inflacionária”, afirma.

No que depender dos industriais, o setor de fato será um alavancador do crescimento nacional. Segundo o economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Paulo Casaca, este ano será marcado por aportes no segmento. “Há um consenso entre governo e empresários que há uma necessidade de investimento. Como o governo está investindo mais em infraestrutura, os estímulos para os industriais ampliarem a capacidade produtiva também são maiores”, afirma.